Eu faria assim... um poema a tinta
Que saísse pingando desse tinteiro
E faria um poema por inteiro
Desde que coisas houvessem que eu sinta
Que aqui pudessem pingar sem me trair
Um como que velado sentimento
Protegidas por um silêncio guerreiro
Proibidas para sempre de sair

Se as palavras nascendo assim... a tinta
Não fossem assim desse jeito: sangrando
Desde que não fosse de uma ferida que eu sinta
E sentindo sangue e ferida não fosse sofrimento
Eu rasgaria então as folhas manchadas de tinta
Marcadas pelo sangue de palavras que foram pingando
Se isso fizesse eu perder qualquer coisa que eu sinta
E se sangrar e rasgar fosse esquecimento

Ah! Eu entornaria toda a tinta
E tornaria a sangrar esse poema
Eu quebraria esse tinteiro
Se isso me fizesse inteiro
Senhor de qualquer coisa que eu sinta
Desde que parasse de sangrar...
Sangrando poemas e doendo
Desde que me apagasse o sentimento
Em folhas manchadas se perdendo
Em palavras marcadas de esquecimento
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 26/11/2009
Reeditado em 28/08/2021
Código do texto: T1946233
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