Fato
Quanto tens ainda que sofrer?
Quanto tens ainda que chorar?
Se não és capaz de perceber
Que o melhor da vida é amar!
Do alto do teu pedestal de ilusões
Vês apenas um futuro envolto em cifras,
Luxúria, glamour, meras ambições.
Tens glória, fama, poder...celebras
Tudo, mas não podes precaver-te
Da cruel lição que a vida há de aplicar-te.
Tens ao peito, embora débil,
Um coração há muito esquecido,
Que exposto ao sentimento ignóbil
Resigna-se ainda adormecido;
Sofre, corrói-se, quer exortar-te,
Tenta, tenta...em vão despertar-te.
Quem sabe assim lograr o feito
E desatar de uma vez o imenso nó,
Que o destino nos reserva o direito
De pertencermos um dia ao mesmo pó.