Mandalas
Como posso ir sem ter que me levar
Se indo para onde eu for, não tenho como me deixar?
Se pudesse esquecer-me-ia
Já em qualquer esquina que eu dobrasse
Como quem deixa para trás
As coisas que em mim mesmo não mais cabem
E pelos caminhos as deixo...
Oh sim,
como as deixo
Em cada trecho desse caminhar um eu mesmo
Se vai no sumidouro sol poente
E o eu que segue, a sí não se leva
descobre-se não perene
Como na época de se conduzir com ares de inocente
Das mesmas coisas, ficam os entalhes n’alma em baixo relêvo
A desvelar esculpidas linhas de uma vida
Desenhada e desdenhada em memórias que se apagam
Hoje é só um agora que agora mesmo já passou
Só me resta a mim mesmo
até que de mim nada mais reste...
Nem mesmo uma prece
A ser bem dita
como se fosse o último fim