Mandalas

Como posso ir sem ter que me levar

Se indo para onde eu for, não tenho como me deixar?

Se pudesse esquecer-me-ia

Já em qualquer esquina que eu dobrasse

Como quem deixa para trás

As coisas que em mim mesmo não mais cabem

E pelos caminhos as deixo...

Oh sim,

como as deixo

Em cada trecho desse caminhar um eu mesmo

Se vai no sumidouro sol poente

E o eu que segue, a sí não se leva

descobre-se não perene

Como na época de se conduzir com ares de inocente

Das mesmas coisas, ficam os entalhes n’alma em baixo relêvo

A desvelar esculpidas linhas de uma vida

Desenhada e desdenhada em memórias que se apagam

Hoje é só um agora que agora mesmo já passou

Só me resta a mim mesmo

até que de mim nada mais reste...

Nem mesmo uma prece

A ser bem dita

como se fosse o último fim

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 14/07/2006
Reeditado em 05/09/2007
Código do texto: T194064