O SEGREDO

O SEGREDO

Jorge linhaça

Sonhei mil sonhos, rompi caminhos

Acreditei na força da verdade

Semeei flores, colhi espinhos,

Feri as mãos ao dar carinhos

Plantei amor, brotou a saudade

Na ânsia louca de me encontar

Afastei-me da minha estrada

Içei as velas ,cortei o mar

Na tempestade fui navegar

E encontrei, além, o nada

Tantas palavras no vento perdidas

Tantas intrigas nas sombras esguias

Vendem a morte, prometem a vida

Injetam veneno e causam feridas

Enchem o ego das almas vazias

Sigo meu rumo de cabeça erguida

Muitas sementes irão germinar

No seu próprio tempo, as flores crescidas

Irão expurgar o mal e as feridas

De quem sabiamente souber procurar

Desci ao inferno em busca do céu

Fiz-me de escada, mas poucos subiram

Pisaram-me a fronte, cuspiram-me fel

Voaram -abelhas- em busca de mel

E a morte chegar, por certo não viram

Deixo contigo o meu testamento

Nele um tesouro, oculto está

Se o puderes ver, chegou o teu tempo

Se não o encontras, por ti eu lamento

Ainda não sabes ao bem enxergar.

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Arandu, 17 de novembro de 2009

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