Alguém que escreve

Eu sou alguém que escreve, por escrever

Talvez porque tenha encontrado nas histórias e nas letras mutuadas

Formando palavras inacabaveis

O mar de rosas que a vida não me ofereceu

As vezes me esqueço de ser eu

Porque pra viver nesse mundo insolente

Prefiro ficar no meu paraíso inconsciente

As vezes eu quero morrer, mas não ofereça uma faca

Pois vou querer viver, e se tentar me matar

Eu vou sobreviver

Também não me questione sobre da onde vou tirar forças

Pois minha cabeça já é cheia de duvidas

Pensamentos veem sem meu consentimento

Achei melhor não expor-los ao mundo

E me tornei insignificante

Já que minhas expressões são irrelevantes

Meu coração fabrica sonhos que alimentam as borboletas relutantes

Que abrigam no meu estômago me fazendo ser tola

Meia boba meia louca

Mas não confunda meus surtos criativos

Com loucura eminente

Tem gente evidentemente mais insana

Que é elevada ao altar em condição de santa

E eu sou uma louca voluntária

Que fui atraída por um golpe de abstinência

O mundo é dos ignorantes

E feliz são eles

Como bonecos de ventrículo

Seus donos confiantes

Aos meus olhos são ainda mais ridículos

Mas quem se importa?

Se só há uma porta, e só passa por ela quem tiver o tal convite

Mas prefiro ficar trancada nesse quarto escuro, do que ficar em cima do muro

Que me coloquem numa camisa de força

Antes que eu grite e isso os abrigue a me aliquinarem

É assim mesmo, eu saio do rumo sem perceber

Afinal eu escrevo pra sair da monotonia

E não consigo me focar em um único assunto

Minha conduta é desviada e não há como mais ser restaurada

Não quero ser comparada

Nem faço nada esperando a glória

Só quero ter minha vitória interna

Por isso uso a escrita pra ser minha lanterna

Pra me guiar e clarear um pouco esse quarto onde todos me largaram

Agradeço por ter sido abandonada

Pois sem esse amor eu não seria nada

Jéssica Fiaz
Enviado por Jéssica Fiaz em 14/11/2009
Reeditado em 14/11/2009
Código do texto: T1923709