Alguém que escreve
Eu sou alguém que escreve, por escrever
Talvez porque tenha encontrado nas histórias e nas letras mutuadas
Formando palavras inacabaveis
O mar de rosas que a vida não me ofereceu
As vezes me esqueço de ser eu
Porque pra viver nesse mundo insolente
Prefiro ficar no meu paraíso inconsciente
As vezes eu quero morrer, mas não ofereça uma faca
Pois vou querer viver, e se tentar me matar
Eu vou sobreviver
Também não me questione sobre da onde vou tirar forças
Pois minha cabeça já é cheia de duvidas
Pensamentos veem sem meu consentimento
Achei melhor não expor-los ao mundo
E me tornei insignificante
Já que minhas expressões são irrelevantes
Meu coração fabrica sonhos que alimentam as borboletas relutantes
Que abrigam no meu estômago me fazendo ser tola
Meia boba meia louca
Mas não confunda meus surtos criativos
Com loucura eminente
Tem gente evidentemente mais insana
Que é elevada ao altar em condição de santa
E eu sou uma louca voluntária
Que fui atraída por um golpe de abstinência
O mundo é dos ignorantes
E feliz são eles
Como bonecos de ventrículo
Seus donos confiantes
Aos meus olhos são ainda mais ridículos
Mas quem se importa?
Se só há uma porta, e só passa por ela quem tiver o tal convite
Mas prefiro ficar trancada nesse quarto escuro, do que ficar em cima do muro
Que me coloquem numa camisa de força
Antes que eu grite e isso os abrigue a me aliquinarem
É assim mesmo, eu saio do rumo sem perceber
Afinal eu escrevo pra sair da monotonia
E não consigo me focar em um único assunto
Minha conduta é desviada e não há como mais ser restaurada
Não quero ser comparada
Nem faço nada esperando a glória
Só quero ter minha vitória interna
Por isso uso a escrita pra ser minha lanterna
Pra me guiar e clarear um pouco esse quarto onde todos me largaram
Agradeço por ter sido abandonada
Pois sem esse amor eu não seria nada