Das coisas que trago na lembrança
Carrego comigo um sem fim de lembranças.
Fragmentos de histórias contadas, verdadeiras ou não.
Trago a leveza de um tarde de domingo quando
a infância notificava a minha despreocupação.
Tenho comigo, é verdade, o pesar do momentos tristes,
mas não os cuido com gravidade, senão apenas aquela
que a hora requer.
Trago um sorriso que recebi de uma criança desconhecida
que passava num ônibus e chamei-lhe a atenção.
Trago em recordação a constatação do olhar do idoso,
que contempla o horizonte,
pensando sabe deus o quê.
E carrego também a candura do amor,
e todas as suas palavras que quer o tempo parar.
O mesmo amor, que é belo e triste, faz rir e chorar.
O amor que carrego tem mais de uma feição: ora vem de minha mãe
ora da esposa que amo e da filha que tenho.
E o amor está também na lembrança dos amigos queridos
que o acaso para longe levou.
Na verdade sou quase um mosaico humano,
um retalho errante,
que o mundo costurou.