Eu, o rio, as paixões e o mar
Ó, querido e amigo rio!
Nas tuas águas deságuam o meu clamor
Nos teus movimentos,
Nos teus sussurros vou deixando aquele amor
Amor maldito, amor infinito... mas apesar de tudo, amor
Ó, querido e amigo rio!
Lava-me alma, transborda sua calma enfim
Enxuga o meu rosto
E mata de desgosto quem se afastou de mim
Ó, querido e amigo rio!
Das suas águas recrio o meu espelho,
Navego em silêncio a busca do mar...
Mar imponente, mar de gente, amar inocente
Mas, também capaz de matar
Ó, querido e amigo rio!
Me deixas ser tu por um instante,
Me deixas ser gigante,
Não quero ser como antes...
Por conseguinte só quero correr pro mar
Amigo rio que desvirgina as matas
Que desce manso ou em cascatas
Perdoai minhas lamentações
Rio de faces ocultas,
Barrento, límpido de água imunda
Mas que apesar de tudo de limpar corações
A ti ó rio declamo meu carinho
Pois um dia também fui menino,
Banhei-me no teu leito sem espinhos
E mergulhei nas profundezas das paixões