Incandesço
É branca e lisa, fina a me recobrir
É escuro e denso, total a me esconder
São profundos e arredios, intensos a me revelar
Talvez seja certo que frágil
Tangível, vulnerável
Fotografia viva, casca
Boneca sem escolha, presa pelo cordão do destino,
Guiada ao acaso...
Folha, solta ao sabor do vento.
Mas há que ver por dentro
Há que rasgar a pele, atravessar os cabelos,
Além do olhar...
É lá que está, parada no canto da sala
Sal, suor e lágrima
Sangue
Fera sedenta, indomável, indesejável
Se eriça a cada respiração
Como se pudesse saltar do peito,
Alçar voo...
Mas permanece imóvel
Silêncio de sepulcro
Superfície de gelo, dura e fria
Você não pode ver, mas creia
Ela existe, incandesce dentro de mim
E aguarda, que a liberdade espreita da esquina
Seu canto se faz sentir e retumba no peito
Apenas a ela o silêncio fala...
Alma.