Céu encoberto de tom cinza,
Nuvens aprisionam,
Roubam o ar que respiras.
Alma inquieta bate no peito,
Misturam-se palavras ao seu jeito.
Olhos de brilho tristonho,
Carregado de lamúria amargurada,
No peito como concha,
Esconde a pérola da alma.
Momento solitário,
Nele te manténs intocável,
Ainda que anseies por abraço,
Repeles o carinho dedicado,
Recolhido, encolhido, abraçado às tuas pernas,
Negas o que anseias,
Ainda que oferecido o mundo,
Que oferecido dos céus o encontro
Com o amor de todos os anjos.
Momento de alma surda,
A música perde a melodia,
Das notas a harmonia,
E outra canção se faz, emudecida,
Feita do canto da agonia.
Onde a vida às mãos escapa,
O desejo que tudo acabe se revela,
Dentre pensamentos de tristeza,
Que o fim consolo seja.