Vagas

Recostei-me e minhas águas passavam

Do quanto mapeando em mim

O que parece não ter fim

Eram galerias de minh’alma a desaguar

Sou mar de tormenta e calma

Em ondas chego-me à beira-mar

Em correntes vou ao encontro oceânico

Que me absorve no furor do silêncio abissal

A quem possa interessar

Deixo meus bens em vida

Se à vida houver o que herdar

Não deixo dinheiro

Não deixo tesouros

Deixo escritos e proscritos

Como porto de salvação

A quem, não sei... talvez seja vão

Ato-me a um punhado de infinitos

Como um clandestino agarrado a uma corda

Mergulho destinado já sem fôlego

O rosto para os que me vêem

É o que resta do que ainda é só o que convém restar

Afundo ao largo das coisas que passam

Assim como agora passo como fria tarde preamar

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 06/07/2006
Reeditado em 22/10/2007
Código do texto: T188455