Devaneios de uma alma inquieta

O q ele queria? nada que pudesse ser concedido

O que ele pedia? nada que seu coração desejasse

Havia uma contradição entre razão e sentimentos

como se houvessem de brigar a vida toda

sem nunca chegar a um acordo

Quanto tempo se tem? não mais do quanto se perdeu

Andando, piso na grama

Correndo, vôo, nem toco o chão,

subo e desço bailando no ar

Por que tem que ser assim?

Por que não pode ser assim?

O que se tem não se quer

O que se deseja é utopia

Canção alegre soa e voa longe

como um pássaro liberto, fugindo do cativeiro

Se é livre, vive a preocupar

Mas medo de perder a liberdade é engano,

gaiola sem grades visíveis

Preso, confinado, sabe-se bem seus limites

e assim aprende a extrapolá-lo

Quanto mais se tem, menos se sabe o que se tem

Sua privação traz segurança quanto ao que é seu

pois é mais fácil abraçar uma pedra do que o mundo

Então por que o mundo é sua ambição?

Adquirir uma liberdade aparente

e acorrentar-se inconscientemente

Sem saber o que se tem, não se sabe o que se perde

O medo não é de não ter

É de ter e perder

Ser limitado, mas ser dono do seu espaço

traz a garantia que tanto busca

a garantia da liberdade

Ser livre não é ter o mundo inteiro para abraçar

É mesmo dentro da gaiola poder esticar as asas e tocar tudo o que é seu

Tudo ao seu alcance lhe é verdadeiro

No final, o que importa é aquilo que tenho por garantia

(obs.: texto escrito em dezembro de 2005)

Voo do Corvo
Enviado por Voo do Corvo em 21/10/2009
Código do texto: T1878408
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