Ó! Morte sê bem vinda!
Venha depressa e ligeira. Venha amada e redentora!
Cortando o tempo e lembranças, antes, tão logo queira
Que seja no exato momento, como uma tenda protetora
A recobrir a alma indecisa, do precipício á beira.
Que trazes consigo amiga, a paz do além das fronteiras
As rosas mortas em coroa, as folhas secas do inverno?
Venha breve e sem aviso, como se, para dar rasteiras
Tornando o mortal perecível em ser divino e eterno!
De ternura é teu canto, teu colo é descanso final.
Ao espírito que agoniza preso em um formato carnal
Não suporta o próprio peso, sedento de bem e de mal.
Bebendo na mesma taça, o fel de sua desgraça e a cura da doença cruel,
Lambuzando-se na dúvida da vida, esperando arrependida um dia merecer o céu.