Equação de Segundo Grau (Estrela Cadente)

Durmo um sono assustado, com sonhos sobressaltados, noite de relâmpago e trovão; acordo acabrunhado, pensamento manietado, enjaulado no coração.

Enquanto recupero a calma, escuto uma chuva morna, caindo mansa, insistente, lavando pacientemente minhas tormentas de alma, fazendo meu dia mais leve.

Sufoco a tristeza dentro do peito, por coisas que não sei mais dar jeito, sem que nem eu mesmo me ature, rezando para que o mal não dure – que meu penar seja breve.

Que se resolva a contento este dilema que me apoquenta; e esperar que depois da tormenta a bonança chegue e se instale, transformando o precipício em vale, levando o mal de roldão.

Este meu poetar, esdrúxulo e fora de moda, aperreia e me incomoda, dói como faca de corte, revolve as vísceras mais fundas, meus mais secretos anseios.

Sofro pressão descabida, de mim mesmo e de outras partes, por escrever sobre a vida, sem peias e nem meias-medidas, por não usar mentira incompleta,

Expondo ingenuamente a cara ao certo desastre. É dever de quem se propõe fazer arte, levar ao povo noção, de como fazer o bem e repudiar postura abjeta.

Não faço questão de lauréis, nem mesmo peço quartéis, nesse guerrear quixotesco, antes sou cavaleiro andante, quase sempre titubeante, a perseguir o Amor, sem medir forças, nem meios.

Sei que sou guerreiro abstruso, a se perder neste mundo confuso, sem rumo, sem direção, dando murro em ponta de faca, envolto em inadequação,

Perdido em um ruminar inquietante, qual menestrel dissonante, cavalo solto a galope, aparando traiçoeiros golpes, mantendo seu cabedal de sonhos.

Imerso numa catártica contenda, enfrento feras horrendas, baionetas sangrentas em assalto, sem muro de proteção, a evitar monstros medonhos.

Extraio da fraqueza o forte, vou em busca da estrela cadente prá meu desejo fazer: que meu amor creia em mim, que perceba junto comigo, que este aparente perigo é fruto de contradição.

Quando nos interrogamos por que as coisas não se desenrolam como esperamos, quase sempre nos esquecemos de que fomos nós mesmos autores da preparação da cilada em que nos encontramos metidos. Quando chegamos a essa conclusão objetiva vem o segundo dilema: juntar forças e romper o círculo vicioso da repetição de situações que nos incomodam, rumando finalmente em busca da harmonia que tanto almejamos.

Vale do Paraíba, manhã da penúltima Sexta-Feira de Julho de 2009

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 19/10/2009
Reeditado em 22/11/2009
Código do texto: T1874573
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.