Minha última poesia
Sempre penso nas poesias eu faço como se me fosse a derradeira.
Que não mais terei inspiração para construir uma outra poesia.
Então, pego-me acordando, ouvindo pássaros cantando – é um novo dia.
E cá estou eu a fazer mais uma poesia, uma mais entre tantas – desde que fiz a primeira.
Devo tê-la feito, ainda que desajeitada, prá minha primeira namorada.
Os versos? Não os lembro direito: devem ter sido bem imperfeitos,
Mas foram as primeiras trovas. Um beijo ganhei, beijo de menina - meio sem jeito.
Porém um beijo tão puro, tão doce, que além de minha boca – também minha alma sentiu-se beijada.
Hoje, já mais versado, em muito lugar andado, sinto a mesma emoção
Da construção de minha primeira poesia. O tema pode ser outro: um menino a brincar;
Uma flor a se abrir, ou mesmo outra poesia; motivo prá se fazer versos, neste Universo não há de faltar.
Não almejo a poesia perfeita. Antes quero a poesia que expresse o que se passa em meu coração.
Faço versos de improviso – assim vos aviso – eles vêm em impetuosa torrente.
Os meus versos são mais um cordel; surgem em tropel. Quando dou por mim estão prontos – de repente.
Quisera eu fazer à poesia que fosse a melhor de quantas já fiz. Quisera eu fazer a poesia derradeira, que contivesse tudo o que precisasse ser dito. Como este desejo é uma quimera, construo poesias como parte de uma única grande poesia cujo título é Vida.
Vale do Paraíba, manhã da terceira Quarta-Feira de Janeiro de 2009
João Bosco