PENSAMENTO

Ao som de Caetano

Em noite sem companhia

Deitado sobre o Chão de sinteco descascado

O momento era de reflaxão

O vento que assobiava

No balançar da persiana preta

Era Clarice que eu lia...

Minha concentração se perdia

Meu foco do lamento

A angustia peito a dentro

E o vento se repetia...

Quando a melodia cantava alto

Fui a cozinha meio pasmo

Matei minha sede em goles de água fria

O meu corpo não entedia

Com minhas mãos, outros goles, eu repetia beber...

Sobre a estante objetos sem valor

Alguns outros sem fundamento

Porta-retratos de cores fortes

Me lembrando os anos setenta em que eu nasci

Anos de sofrimento

Anos de força

Anos de comemoraçao...

Meu desejo é por alguém de pouca idade

Isso me remete ao meu passado

Volto no meu próprio tempo

Como eu fui puro

O que me definia era a inocência

Tempos de esperança

De um começo sem definição

Com possibilidades de vastidão...

Minha memória é mesmo minha amiga

Eu colecionava playmobil

Tinha muitas peças de lego

Espalhadas peças sobre esse mesmo taco

As camas da época eram de madeira pesada

As colchas?

Eu tinha colchas com desenho dos "dálmatas"...

Penso agora que eu fui feliz

Carrinho de controle remoto

Guardo até hoje

E vejo agora na minha frente o meu robô transparente...

Lembro que a minha alma já se fazia incolor

Que meu peito acelerado de emoção

A minha beleza doce esternava a minha alma em construção...

Faz é tempo que eu apredi a fazer rima

Agora desconstruo todo combinado

Levo meu conto levemente

Lavo minhas cicatrizes com o amor que me resta

Penso que o amor é de fato grandioso

Saboreando cada ano

Estou doando os meus, colecionados trinta e quatro

Em prol dos tantos outros esperados

Em prol dos que virão...