Espelho de mim...

Lidar comigo...não sei

Talvez seja eu meu próprio inimigo

Prisioneiro dos medos e angústias

Selados com o tempo

Difícieis? Como são!

Minha vida começou

Num quarto-cozinha

Dela dividia

Meus irmãos

Quatro pra ser exato.

O meu pai do telhado vivia

Trazendo alegria pras famílias

Televisão sem antena...

Nada se via.

Trabalho, trabalho e trabalho.

Seu lema.

Minha mãe,

de doenças sofria

preocupada com a vida

que o sustento temia.

Respeito, humildade e sinceridade.

Seu lema.

Minha irmã... que amiga!

Que falta, que saudade!

Foi embora depressa, aos 24

Pra ela fiz uma música:

Regina guarde na mente

No fundo do teu coração

Meu canto é reza descrente

Não posso mais rezar não.

Doces momentos!

Que maravilha estar com ela

A vida era um sorriso inocente

Um convite à eternidade

Curta, mas... duradoura.

Felicidade, felicidade, felicidade.

Seu lema.

Eu... bem eu

Observava a vida que passava

Não a real, a imaginária

Sonhos, vários

Todos humanos tangíveis

Sem ambição terrena

Como uma Biruta

Que delata a direção do vento

Anacrônico de mim mesmo

Hoje acesso os dados

Impregnados pelo tempo

Me parecem inconsistentes

Teimosos e resistentes

Sem-identidade, Invasores

Se instalaram

Definitivamente

Enquanto observava...

Este não sou eu

Leio e compreendo

Que há mais de um em mim

Poceiros que fundam

Associações da solidão

Conduzem e me levam

À mais sincera conclusão

Eu não sou eu e pronto!

Apenas emoção.

Amor, Amizade, Coração... Meu vírus vital!