Embate Literário

O Poeta, munido de seu arsenal bélico – a palavra escrita!

Empunha ferozmente a pena afiada e esfaceladora,

Ergue o gládio da linguagem e brande a haste literária,

Para escrever, em letras garrafais e sanguinolentas,

No coração desarmado do leitor incauto e desprevenido,

O poema devastador e cataclísmico da verdade elegíaca:

Tecendo golpes profundos de metafóricas Ambigüidades

De metonímicas Aliterações, de eufemísticas Catacreses

De anafóricas Hipérboles, e de irônicas e paradoxais Onomatopéias,

Vai perfurando as vísceras, dilacerando a epiderme,

Atravessando o encéfalo, quebrando as articulações emocionais

Da, então, combalida alma leitora – que desfalece literalmente!

É um combate injusto – tamanha beligerante superioridade.

Mas o Poeta – conhecedor empírico da gramática lingüística,

Sapiente das técnicas poéticas e da parafernália textual –

Sentindo a necessidade intrínseca de manter o leitor vivo,

Apenas hipnotiza-o com suas voluptuosas e efusivas palavras,

Tornando-o escravo de seus jogos e figuras de linguagens sedutoras...

(05 de outubro de 2009)