NA VARANDA DE MEUS VERSOS.
Na varanda de meus versos,
balançam redes de aço,
às vezes, apanho travesseiros de Pedra.
Vou aos túmulos dos faraós
Caço lagartos num pântano
Enfrento leopardos famintos.
Na varanda de meus versos,
espalho esteiras fedorentas
tomo banhos no Niágara
viajo em jumentos de minha terra.
Encontro-me com Marx
Desafio a morte
Planto rosas nas linhas de minhas mãos.
Na varanda de meus versos,
bebo cicutas com Lamarca
sinto toques dos ventos Libertários
choro com os suspiros dos desesperançados.
Cato papoulas como um pescador solitário
Entôo cantigas nas madrugadas
Abraço tamareiras nas alvoradas.
Na varanda de meus versos,
não há leques suavizando os males
escrevo como coices de um corcel
repouso entre odores da miséria.
Despacho rimas mumificadas
Não quero anjinhos no colo
Só interessam os mortos.
Na varanda de meus versos,
o tempo é agora
o cânone são meus pensamentos
as águas brotam da Vida.
Na varanda de meus versos.