Espiral de Sentimentos

Continuo metamorfoseando meus ideais

Continuo nessa transformação perene,

Nessa volubilidade sempiterna – imarcescível!

Continuo insatisfeito com o meu ser,

Com o que tenho conquistado,

Com o que circunscreve ao meu redor.

Nada me satisfaz completamente:

É sempre esse querer impossível

- Essa ansiedade pelo mais...

Esse desespero pelo perfeccionismo,

Pela eternidade intangível:

Por uma felicidade imanente e inexorável!

Continuo devaneando em nebulosas,

Em etéreas poeiras de quimeras...

Continuo pairando sobre sombras

Misteriosas do ceticismo agnóstico:

- onde a incerteza se faz por certo!

Onde “não há certeza nem da própria dúvida”.*

Onde tudo é instável e possível...

Continuo sem rota, sem rumo

Sem bússola e astrolábio que me guie,

Divagando sem objetividade norteada!

Numa espiral de sentimentos indefinidos...

De anseios mórbidos e imperscrutáveis!

(Escrito em abril de 2008)

*Mario Quintana. In: Ainda Bem: Poesia Completa, p. 835.