Eu minto quando se trata de mentir
Ocultar as verdades das coisas que tenho que sentir
Verdades ao avesso do que me faz parecer tão feliz
E o tempo todo cheio de esperança
Eu minto essa força, essa coragem
E esse excesso de confiança
E essa luta árdua todo santo dia
Eu minto até essa vontade de viver
E de seguir em frente
Eu minto para não sofrer
Por não saber mentir minto impunemente
O sorriso e a alegria
A tranqüilidade e essa calmaria
A abjeta impassividade
São tudo mentira que não levo para casa
Mas que carrego a pasmar por esse mundo
O meu oposto anda exposto
E se o escondesse eu mentiria
A fazer pensarem que sou outro
Que não este que realmente não sou
Eu mesmo não sei e nem sei se quero saber
Sobre ser o que se é e não ser o que não se é
Se me pergunto e é sobre mim
Se busco saber o que sou
Descobrir quem é este eu que existe
As respostas não satisfazem
Nenhuma ciência esclarece
Nenhuma verdade resiste
Nada em mim a mim conhece
Toda pergunta desmaterializa
Porque o que me perguntam não sou
Não sou o que se responde
O que se pensa
Sou o que minto
Apenas isso sou
O ser que minto
O que minto ser
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 05/10/2009
Reeditado em 07/09/2021
Código do texto: T1848637
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