Fragmentos 36 [momentos fragmentados]
Travesseiro não diz,
suporta.
lágrima, riso, sonho.
Longo exílio.
...
Livre, me exilo,
De meu próprio crime
enquanto sonho.
...
E sonho
não brota
rememora.
...
E, quando muito,
choro:
travesseiro,
dia inteiro
passa como devaneio,
num choro sentido
na solidão e a esmo,
pensamento feio,
açoito-me por devaneios,
sorrio de corpo inteiro
em travesseiros
donde noite é tudo
o dia todo
quando tudo de mim se organiza
no sonho
de bruços,
sufocado e com soluços.
...
Na solidão desse momento,
muito tenso,
muito denso,
é que se cria o novo
como esboço do todo
de tudo que passou por aqui
e, é aqui, assim,
que autonomia se faz livre
na efemeridade do instante,
de um sonho lúcido,
da reorganização de tudo,
para que, no outro dia -
ou no seguir da vida -
siga no processo ininterrupto
de superação do medo,
da angústia.
...
De tudo que só travesseiro liberta
exteriorizo na rua,
no reflexo do sol e da lua
do cotidiano superado...