Insolitu osculu

Renuncia minh'alma ao meu corpo,

Tomada por incontrolável anseio:

Galgar todo o espaço em explosivo passeio!

Cada célula arrebatada por indomável cólera,

Pois não havia como conter esse estupor!

Dicotomia sentimental, era prazer e dor...

Como roubara com os lábios minha existência?

Odiei-te por retirar-me do coração a cadência...

Pois com um só ósculo deixou-me indefenso!

Arfando como quem deixa um ambiente tenso.

Contudo, escutando melodias que inexistiam no real,

Singrei o universo infinito em consistência espectral!

E vislumbrei a imponência das belas constelações,

Aproveitando-me do presente e suas boas monções...

Somente com os lábios,

Tomara minh'alma!

E eu não me pertencia, não mais.

Porque alguém com um simples ato, engendrava sentido para minha existência.

Inoculava ventura em um corpo desfalecido...

Observar em êxtase a supernova que acendia meu âmago, era tudo o que podia fazer. Enquanto buscava acreditar no que acontecia...

Apenas com os lábios...

Poderia tomar-me toda a vida.

Raphael de Oliveira
Enviado por Raphael de Oliveira em 30/09/2009
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1839343