Insolitu osculu
Renuncia minh'alma ao meu corpo,
Tomada por incontrolável anseio:
Galgar todo o espaço em explosivo passeio!
Cada célula arrebatada por indomável cólera,
Pois não havia como conter esse estupor!
Dicotomia sentimental, era prazer e dor...
Como roubara com os lábios minha existência?
Odiei-te por retirar-me do coração a cadência...
Pois com um só ósculo deixou-me indefenso!
Arfando como quem deixa um ambiente tenso.
Contudo, escutando melodias que inexistiam no real,
Singrei o universo infinito em consistência espectral!
E vislumbrei a imponência das belas constelações,
Aproveitando-me do presente e suas boas monções...
Somente com os lábios,
Tomara minh'alma!
E eu não me pertencia, não mais.
Porque alguém com um simples ato, engendrava sentido para minha existência.
Inoculava ventura em um corpo desfalecido...
Observar em êxtase a supernova que acendia meu âmago, era tudo o que podia fazer. Enquanto buscava acreditar no que acontecia...
Apenas com os lábios...
Poderia tomar-me toda a vida.