Perdido demais
Em minhas janelas sem quintais
Perder sabe-se lá o que mais
Meus olhares todos para nunca mais
Tanto cansaço em tantos desses ais
Mergulhos espúrios em fossas abissais
Tanta ciência de tristezas tais e quais
Um prazer estranho de tormentos imorais
Um grito apenas em silêncios imemoriais
No ir e vir de outras dores inaugurais
Um não ver em trevas sepulcrais
Um resto que se tem de pensamentos fulgurais
Haverá sempre morte nos jornais
Amantes a chorar nas catedrais
Com seus olhares distantes nos umbrais
E nunca falarão de amores imortais
Pois todos os beijos se darão no cais
Ou se perderão em janelas sempre iguais
Nos olhares distantes para distantes quintais
Não haverá nenhum beijo para além desses umbrais
Nem nunca se verá amor algum nos jornais
Toda saudade estará muito além do cais
E somente as tristezas é que serão imortais

A felicidade de outros umbrais?
A vida que há muito além do cais?
Agora sou eu que não as quero mais
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 28/09/2009
Reeditado em 07/09/2021
Código do texto: T1835429
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