Fogo, palha e lenha

O completo dar-se do fogo, chama,

dá-se de repente quando se inflama

a ave-faísca na superfície de

algo que lhe dê o que precise

pra ser completo o romance-chama

Do dar-se intenso que precede a trama

aparece a palha, figura nítida

com seus traços que envolvem tudo

lembrando calor até na cor e textura

fazendo da brasa seu brinquedo ativo

e logo tudo se projeta

na imagem mais nítida do incêndio

envolvendo os arredores, arrasando

tudo que por ele for tocado,

ferindo a rigidez em que dorme a lenha

e, como tudo que é efêmero passa,

morre a intensidade que parecia eterna.

Da palha só nos resta a cinza

e do fogo apenas a tentativa de

reacender-se pra, por fim, extinguir-se

Quando de repente, a brasa extenuada

passa a sentir uma força que a acolhe

-ou talvez seja fruto de sua grande busca-

mas não tão brusca quanto a palha

em sua fúria tida como dançante

mas gradativa, abrindo espaços

que pareciam inacessíveis, incendiando-se

por dentro aos poucos, reanimando,

de dentro pra fora, o calor extinto

até que, subitamente, ele desaflora

agora mais forte do que fora no início.

E de repente tudo fica claro:

Não importa quão intenso seja o fogo de palha

ele não se compara à estabilidade

do calor da lenha...

Tiago da Silva
Enviado por Tiago da Silva em 26/09/2009
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