Realidade Paralela

Passei a noite em claro, febril,

Como quem exorciza um ardil!

Um lago de águas mal paradas, foi transpirado.

A outro estado de consciência, fui transportado.

Entrei numa realidade paralela,

Até que bastante singela.

Falei mentalmente, o tempo todo

Enquanto tentava adormecer.

Sabia que agia como louco,

Mas não havia mais como retroceder.

Percebi que estava na zona do delírio.

Porém, a salvo de qualquer martírio.

Tive que reconhecer alguns erros do passado,

Alguns danos que, a mim mesmo,

Eu havia causado

Por não ter percebido,

O que à minha frente, estava em negrito,

Em alto relevo.

Nada disso me incomodou,

Ao contrário, algo de acentuou,

Durante esses momentos.

Era como se, de fora, eu avistasse os sentimentos,

Todos os encadeamentos em que me envolvi,

Todos os tufões que senti.

As culpas, eu as reconheci

E ao reconhecê-las, fraternalmente me absolvi

Quando voltei, alem de todo molhado.

Estava com o peito e o plexo solar doloridos;

As costas também, como se algo gigantesco tivesse erguido...

Estava assustado, mas ironicamente, aliviado,

Um pouco desidratado,

Mas suavemente confortado;

Consciente do rumo a tomar,

Para, nos mesmos erros, não enveredar.

Talvez não consiga, todos os sonhos, realizar.

Mas nesse impedimento, alguma boa razão, há de habitar.

Talvez, o tempo revele esse segredo.

Por enquanto, aposto em meu enredo.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 23/09/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1826140