BENDITA AMBIGUIDADE!

Ambiguidade… palavra estranha…

Múltiplos significados

Mas, eu a amo

Por ser assim...

Gosto dela

Não por recurso estilístico

Mas, por puro vício

Vício de linguagem...?

Ah... que viagem!

Não me importo

Gosto delas

Das frases desconexas

Palavras inconsistentes...

Eu, mera compositora

De rimas indecentes...

Há controvérsias

Mas não comprometem

Às vezes invertem

Outras, prometem...

Duplo sentido;

Sentido...?

Bater na mesma tecla?

Oh, indistinta distinção,

Proposital equívoco!

Conotação suspeita?

A gente ajeita... e aceita!

...ou não?

Ambigüidade...

Instigante linguagem

Ocultas estruturas

Sob a frágil superfície do banal

Do casual... do normal...

Isso exerce sobre mim

Imenso e mágico poder...

Por poder, por ser permitido

Por unir despedaçando

E aproximar distanciando...

Sem ela, que graça teria

A bela e doce poesia?

Nada... solidão acompanhada

De presenças ausentes, irreais

Com ela, faço-me entender

Pois meus poemas são ambíguos,

Libertinos, desiguais...

Mas, desprovidos de emoção...

Jamais!