Fogo
Toda ela é fogo e brasa
em chamas incendiando
a si mesma, queimando
com fúria de uma brasa
e com fome d'uma fêmea
Toda ela: fogo ardente
nos giros das labaredas
e nos abraços sufocantes
ardente tal qual fogueira
em cor de brasa excessiva
Toda ela em movimento
como o fogo se movimenta
dançando, tremendo, sorrindo
e dando seu brilho, tal fogo
na palha incendiada... brasa!
Que, no entanto, apaga-se
até atingir a cinza- tal luto
na cinza em que foi chama
quando o excesso esvaiu-se
Pra dentro dela, à flor da pele
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Dir-se-ia que foi fogo morto
desmedido, furioso...efêmero
mas que não passou de fúria
Dir-se-ia que perdeu-se a chama
que é aquém do fogo, indo adiante
Dir-se-ia que o brilho perdeu-se
como cinzas de um fogo de palha
mas que foram tão intensos
quanto as marcas da queimadura
que ficam sempre grudadas ao corpo
de quem entrou em sua dança
na entrega total ao efêmero
em que toda ela foi chama
Que chamando de novo a si
o excesso da brasa reacende-se
das cinzas do fogo de palha
toda ela ressurge na chama
com que se reinicia a dança
com que toda ela é chama