Fogo

Toda ela é fogo e brasa

em chamas incendiando

a si mesma, queimando

com fúria de uma brasa

e com fome d'uma fêmea

Toda ela: fogo ardente

nos giros das labaredas

e nos abraços sufocantes

ardente tal qual fogueira

em cor de brasa excessiva

Toda ela em movimento

como o fogo se movimenta

dançando, tremendo, sorrindo

e dando seu brilho, tal fogo

na palha incendiada... brasa!

Que, no entanto, apaga-se

até atingir a cinza- tal luto

na cinza em que foi chama

quando o excesso esvaiu-se

Pra dentro dela, à flor da pele

********************

Dir-se-ia que foi fogo morto

desmedido, furioso...efêmero

mas que não passou de fúria

Dir-se-ia que perdeu-se a chama

que é aquém do fogo, indo adiante

Dir-se-ia que o brilho perdeu-se

como cinzas de um fogo de palha

mas que foram tão intensos

quanto as marcas da queimadura

que ficam sempre grudadas ao corpo

de quem entrou em sua dança

na entrega total ao efêmero

em que toda ela foi chama

Que chamando de novo a si

o excesso da brasa reacende-se

das cinzas do fogo de palha

toda ela ressurge na chama

com que se reinicia a dança

com que toda ela é chama

Tiago da Silva
Enviado por Tiago da Silva em 14/09/2009
Reeditado em 14/09/2009
Código do texto: T1809064
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