Os beijos que soletraste não são só para mim.

Visão I:

Os beijos que me deste, soletrados docemente

feito orvalhar suave sobre as silvas da campina

foram levados pelos ventos, dissipados sem norteio

feito loucuras de menina, feito sonho....devaneio.

Uma carta que se escreve e se lança sobre a brisa

Sem ter destinatário...com palavras imprecisas

se perde no caminho e quem a lê (cheio de amores)

toma pra sí o direito de colher as belas flores

Essas flores que são teus versos, os quais eu inocente

aspiro o doce aroma, as trago no peito rente.

São os beijos soletrados como um perfume suave

E passas.... e espalha e não vês que atrás de ti

Somos ébrios e sedentos...desse teu narcótico de volúpia.

Assim fico eu, a murmurar... a brigar pelo impossível

Reter um aroma que por vontade você exala...

Reter este teu cheiro pra mim, não permitir nem a idéia

de que outro possa ter o que é meu (?)

Somos todos tolos...

Sim, tolos por em massa, acreditar cada um

na sua particular fantasia....que a tem.

Cada qual em seu mundo, vez por vez...

Se deleita em teus beijos soletrados

Se regala no teu recanto e sonha...

O mesmo sonho talvez...

Onde a única diferença...é que cada qual sonha ter você pra sí...

Mas a protagonista é sempre a mesma...Você!

Penso por hora que sou eu o amado...

Sim...claro! (digo eu)

Tolos são eles...que comentam e pensam ser para sí...essas belas palavras.

Esse desejo todo que exprime em tua poesia...

Outra vez porém, dou conta do real....

E digo a mim mesmo: Por quê seria eu?

O que tenho eu de especial, para cativar e acalantar tal sentimento?

Então reviro as palavras daqueles que te adoram...e busco uma pista..

algo que me faça de uma vez crer...quem é teu amado.

ou que me faça descrecer para sempre, na doce iluzão de que

quem amas, sou eu.

Moisés Lopes
Enviado por Moisés Lopes em 09/09/2009
Código do texto: T1800707
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