O MERGULHO
Eu tanto ansiava o poder de entender
as angústias misteriosas do querer;
a vontade por sabor desconhecido,
a saudade por momentos não sabidos...
Que um dia me lancei todo em mergulho
às profundezas do cerne de mim mesmo
e vasculhei, desvendei no breu o entulho
dos desejos que ali pairavam a esmo.
E ao desnudar tais segredos tão intrigantes
eu os tirei daquele habitat recôndito
e os lancei aos limites da consciência.
E então criei um dilema atordoante,
um desespero a doer cruel e indômito,
porque sequei o meu viço, minha essência.