Juntando as peças
Árduo labor de desprender a mente
Criar os próprios rastros
Abandonar sombras que não são minhas...
Manhãs de mãos dadas com os pais
Tardes retidas em jovens iguais
Noites repletas de “eus“ que não sou eu...
As escalas crescem
As estradas se delineiam
E as escolas se multiplicam...
Correntes inquebrantáveis
Influência alheia que criou raízes
Fazendo-me encarcerada...
Comportamentos adotados
Outrora considerados verdadeiros
Crenças inabaláveis?
Verdadeira estátua viva
Um eterno sofrer para manter mitos impostos
Até enxergar minhas verdades...
Tão difícil amputar tais pensamentos
E perceber que não tenho que carregar certezas
Que agora mais parecem fantasmas a assombrar...
Cada flor tem seu perfume
Cada rio tem seu curso
E cada ser tem seu viver...
Os mananciais do coração
Devem ser preenchidos com minhas águas
Aquelas que me refletem...
A inquietude tem razão de ser...
Já juntei todas as peças e só agora entendi a guerra interna...
O caminho perde a graça quando feito com pressa e calçados alheios...