V O A N D O

neste instante me visita

doce branda quietude

ouço ao fundo o violão

sem cantos, apenas sons

sensações chegam emotivas

minha mente se despreende

de minha matéria passiva

ausências em torvelinhos mansos

doces lágrimas salgam meu rosto

lavam o corpo suavizam a alma

deixo-as espalhar dos olhos pela face

não reprimo o meu sentir, evadir

talvez na inquietude de asas de um colibri

anseia partir deste escafandro a me reter

no poço de meu íntimo, em labirinto, anseio

olhar o infinito anelando voos amargando a prisão

desterro de meu Ser em plagas estrangeiras

neste refletir que ao além me demanda

trazendo-me, a contra-gosto, à posse de mim

lembrando compromissos, rotinas, cotidiano

meu colibri bateu suas asas frenéticas

minhas ilusões cairam na realidade

em surda e muda constatação

eu sou o meu próprio cárcere...

...momentos há em que a porta da imensidão torna-se irresistível...