Espreitador

Como sempre digo

E, mais uma vez, insisto:

Vivo pendurado sob o abismo da mediocridade,

Agarrado à corda da criatividade,

Que desliza sobre o fio fantástico de minha alegoria.

Alegoria essa que se intensifica abusadamente dia a dia.

Se soltar as mãos,

Não encontrarei o chão.

O caminho é só de ida,

Não me permito tristeza repetida.

Dá um frio na barriga, viver assim,

Sempre tão próximo do fim.

Não foi opção,

Foi a única solução

Para uma mente irriquieta,

Para uma alma semi-desperta,

Que tem fome de se entregar...

Que insiste em buscar,

Em lapidar

Tudo que tenha possibilidade de iluminar.

Desentendo o festejar de meus irmãos,

Que mantém covardemente, fechadas as mãos!

Não sei permanecer no raso, como eles permanecem.

Não sei sentir a raiva, que lhes enrijecem.

Não, absolutamente não sou santo.

O que acredito, no entanto,

Não encurrala um igual em um canto.

Não pratica o horror e o espanto.

Não faz guerra,

Respeita a terra.

Não maltrata,

Mas também não acata.

Meus pés criaram raízes na fertilidade de meu sonho.

É desse colo,

É nesse solo,

Que brotam os versos que componho.

Talvez, seja a altura.

Talvez, a loucura...

O fato é que sou um espreitador,

Disfarçado de ator.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 24/08/2009
Código do texto: T1771118