Reflexões sobre um amor perdido
O que mais tem me ocorrido nestes dias é o nada.
Sobre ele eu tenho pensado. Em vão, pois é sabido
Que do nada uma flor não nasce e nem a esperança floresce.
Não obstante, querer nada da vida não é renunciá-la
Tampouco imaginar a feição da morte enquanto divago.
Em busca da inspiração, muitas vezes, o que vem é o nada.
E ele não muda nem preenche o branco estático da folha de papel.
O nada é a ausência completa de razão e pensamento.
Assim, quando reflito sobre o amor vivido e perdido, nada me conforta e o plano que faço exclui principalmente quem me completa.
Meu amor, por um acaso qualquer, não me tem pretendido, sequer
Para uma palavra. Que posso fazer se estou sem inspiração e sem amor?
A pouca razão que me assiste está doente
E por um minuto parece loucura completa.
Neste meu nada da vida vou seguindo, esgueirando-me
Pelos caminhos do que foi negado, pela companhia
Não conquistada, pelo amor inesquecido e pela falta
Que minha amada me faz.