Pressão Alta

A pressão arterial subiu tanto,

Evidentemente por excesso de pranto,

Que assustei a todos no hospital:

Foi uma correria geral.

Mas deu tudo certo.

Estou tomando medicamentos, direto,

Para controlar o coração,

Que se excedeu no quesito desilusão.

Confesso que senti uns arrepios.

Vi a preocupação no rosto das pessoas.

Da morte, ouvi o assobio

As emoções, retesaram-se todas.

Não sabia o que pensar.

Tentei me acalmar,

Para não me descontrolar

E desandar a chorar.

Pensei muito nos meus cães e gatos – “filhos”

Muito mais que queridos,

O que, com eles, aconteceria?

Quem, deles, cuidaria?

Foi uma tortura,

Uma estranha pintura,

Desconhecida,

Invertida,

Foram cinco horas de espera

Veria eu, a próxima primavera?

Precisaram repetir alguns medicamentos.

Tornaram-se ásperos os batimentos

A pressão baixou lentamente,

Para minha agonia, evidentemente.

O médico, muito gentil, me assustou

O meu quadro clínico, claramente desenhou.

Recusou-se a olhar meu joelho, motivo de minha ida.

Afirmou categoricamente que era com a pressão a minha briga.

Pois ela imobiliza, ou mata...!

A frase se infiltrou na minha cabeça, feito ressaca.

Eu sei muito bem, como cheguei àquele momento.

Há um ano e meio vivo com o tormento

De não conseguir espaço, para os meus escolhidos ofícios,

Motivo de todo, tamanho e inaceitável martírio.

Ali mesmo decidi reagir,

Para conseguir prosseguir.

O que sei, é que como está não dá pra continuar

Cheguei ao fundo do poço.

Engoli o caroço.

Fui à lona, nocauteado.

Há de haver um ar,

Que me queira realizado

Não esmurrarei mais a faca

Vou é bater lata,

Jogar fora o entulho,

Fazer muito barulho.

Para eu me acordar

E me aprumar.

Já sei por onde começar!!!

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 17/08/2009
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