Mas não o esquece...

por fim

esquecia de não tempestadear copos d'água

de não gastar suas energias em coisas passáveis e passadas

de não fornecer poesia

de não poupar nem mesmo o tempo...

esquecia de esquecer aquele

de ser poeta

de não prender-se

de ser discreta

esquecia que não deveria tanto amá-lo

que não o teria mais aconchegado

esquecia até de não falar de amor

mal percebia e já estava perdida

absorta, absorvida

em todos os suspiros

em sua egocêntrica falta de juízo

em tudo o que há de indizivelmente acolhedor

esquecia, pois, esquecer, pecado não era nem seria

e pecado por pecado

alguém sempre há de cometer

de tanto esquecimento

esqueceu de lembrar de si mesma

tudo o que era intrínseco tornou-se adormecido

há tanto...

ainda não despertou

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 13/08/2009
Reeditado em 13/08/2009
Código do texto: T1751549
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.