Ainda dá

Antes eu era uma pessoa

Que, lembro ainda me soa

Em ecos distorcidos

Fragmentos corroídos

Não sei se é saudade

Um tanto covarde

Quando vejo pela frente

Esta realidade

No espaço o recheio

De tantos anseios

Na maioria frustrados

Outros mal realizados

Não é impossível

Que eu superestimasse

A quanto estaria

O preço do meu passe

O fato é que não há

Como determinar

O montante acumulado

Dos valores estipulados

E enquanto o inventário

A cor do legado

O que herdei dos meus feitos

Não se estabelecer direito

Reduzem-se as brechas

Por onde eu escape

De alguma pecha

De algum insólito desgaste

Na luta, labuta

De filho da puta

Sobra pouco para se reciclar

Se reinventar

Mantenho a esperança

Por não perceber

Como andam meus progressos

Quase não paro pra ver

Mas basta-me a sorte

De estar aqui

De editar sem cortes...

De ainda poder agir...