Sobre chuvas e lembranças

Chove mais.

E quantas chuvas mil

hei de escrever a mais

nestas linhas fundas

do meu coração anil?

E quantas chuvas mais

em cinco versos morrem,

se cada vez que chove escorre

da caneta o fino breu;

suspiro de um tempo tão vazio?

Quando eu era jovem

andei chorando sob a chuva,

andei rezando pela cura

de um coração azul que teve frio

e enegreceu.

Foi uma água densa e pura

que pelo rosto me escorreu.

A partir de então

não soube mais o que era chuva,

não soube mais o que era Eu.

Silvana Bronze
Enviado por Silvana Bronze em 11/08/2009
Reeditado em 13/08/2009
Código do texto: T1747586