VIDAS QUE NÃO SÃO

Há vidas que não são, meros retalhos rasgados

como fluidas de ventres jamais abençoados

O vento as leva em forma de poeira, desaparecem,

como que translúcidas, folhas mortas que nascem

Embrião seco, pálpebra deveras enrugada,

folha de um outono cinzento, linha apagada

Recolhem-se à insignificância sabendo-se ninguém

temem levantar os olhos, esperam, mas a paz não vem

São traços que não se vêem, reflexos da impotência

apenas e tão-só fragmentos vãos da indiferença

Porque vidas assim sofrem o forte látego do desprezo

nunca são notadas, marulham, bola murcha, sem peso

Chegam à existência como a brisa vem, calados,

e desaparecem sem deixar rastro, sós, magoados

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 11/08/2009
Código do texto: T1747571
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