LUZ DO PASSADO



Já desfrutei da vida sobremaneira,

Se me é correto assim dizer esse fel.

Traguei nas salas de visitas o perigo,

Dividindo aos alheios minha morte.

Bebi nas festas hipócritas da noite,

Cada feitiço passageiro minha dor,

Vomitei tantas palavras desumanas,

E das tantas companhias mortas,

Somente as poucas lembranças.

Foi passado esse meu desfrute,

Certamente um caminho de seixos,

Mas há luz no passado que me ensina,

Tirar do sal um punhado de vida.

Minh’alma bêbada já não existe,

morta como a fumaça entediante,

Então hoje faço canção de flores,

Meu espírito singra pelos versos...

Porque haverá espaço e vontade,

Há tempo para mais uma poesia.
Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 12/06/2006
Reeditado em 15/06/2006
Código do texto: T173991