Primeira Parte

Eu fico assim, a deriva

Enquanto a minha hora não chega

Espalho pelo chão minhas lembranças

Os sorrizos que não dei imobilizam minha face

Meus olhos ainda ardem de lágrimas há muito derramadas

É fácil abandonar as tristezas passadas

Difícil é esquecer a esperança que se perdeu

A oportunidade que não veio

O sonho que vem segurando a tua mão desde a porta da escola primária

Não pesco ilusões

Eu as crio e amamento

Por isso o chão sob meus pés é tão frágil

Caminho na areia movediça de minha própria covardia

E agora sinto que volto

Como quem encontra o acorde perfeito para uma canção que não pode mais ser tocada

É difícil construir seu próprio quebra-cabeças quando se depende tão desesperadamente das peças alheias

Não posso forçar os encaixes

Apenas sigo

E sustento os olhares que apontam minhas falsas verdades

Sou carta marcada

O baralho não está em minhas mãos

Jamais me coube ditar as regras do jogo.

L S Valentine
Enviado por L S Valentine em 05/08/2009
Código do texto: T1738797
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