A ponta do lápis
A natureza não idealiza a ponta do lápis
elas por si só é uma idealização e um fato
natural- No grafite que a compõe e origina
preconcebida- na função e no objeto destinado
A natureza não descreve sua parábola
ora irregular e instável ora frágil e vivida
Mas, mesmo abiótica, ela se modifica
no incessante exercício de oferecer de si mesma
E, ao mesmo tempo que ela é originada
o originante se manifesta nos traços mal-feitos
e nas folhas riscadas que o poeta descreveu
de si e o mundo, as imagens e o reflexo
daquilo que é e se modifica no desgaste do lápis
que talvez seja o desgaste da alma