O nada
Quis então brincar de ser nada!
Num dia nem quente nem frio escolhi como cenário de minha aventura nada mais do que o vazio
Meus sonhos, minha vida, minha alegria e tristeza joguei com destreza nos domínios do nada e no nada pairei com celestial leveza
Lembrei do amor e com o amor me entreti
Mas logo pensei "como posso assim brincando de nada lembrar-me do tudo que é a estrada que com sangue jurei percorrer junto a ti?"
Será então que é mesmo tudo?
Denovo Lembranças
Lembrei-me daquilo que deixei por fazer no momento em que resolvi sumir
lembrei-me da vida....e de todo aquele coetâneo devir de idas e vindas, encontros e desencontros, certeza e incerteza
lembrei-me do acaso...ah, o acaso
Se algo no mundo é provido de sublime beleza digna de ser de fato aquele tudo que abandonei...eu realmente não sei
Deixemos ao acaso este infeliz atraso de acharmos que em cada esquina jaz um universo e em cada vida uma galáxia!
Voltei a mim, saí da rede de minha varanda e reencontrei a realidade no meu quarto após subir a escada
E jamais esquecerei, que descobri que não sou tudo quando brinquei de ser nada