O nada

Quis então brincar de ser nada!

Num dia nem quente nem frio escolhi como cenário de minha aventura nada mais do que o vazio

Meus sonhos, minha vida, minha alegria e tristeza joguei com destreza nos domínios do nada e no nada pairei com celestial leveza

Lembrei do amor e com o amor me entreti

Mas logo pensei "como posso assim brincando de nada lembrar-me do tudo que é a estrada que com sangue jurei percorrer junto a ti?"

Será então que é mesmo tudo?

Denovo Lembranças

Lembrei-me daquilo que deixei por fazer no momento em que resolvi sumir

lembrei-me da vida....e de todo aquele coetâneo devir de idas e vindas, encontros e desencontros, certeza e incerteza

lembrei-me do acaso...ah, o acaso

Se algo no mundo é provido de sublime beleza digna de ser de fato aquele tudo que abandonei...eu realmente não sei

Deixemos ao acaso este infeliz atraso de acharmos que em cada esquina jaz um universo e em cada vida uma galáxia!

Voltei a mim, saí da rede de minha varanda e reencontrei a realidade no meu quarto após subir a escada

E jamais esquecerei, que descobri que não sou tudo quando brinquei de ser nada

Muniz Lima
Enviado por Muniz Lima em 04/08/2009
Reeditado em 04/08/2009
Código do texto: T1735478