Conversão
A Bruxa cubriu-se com o capuz,
Enegrecido com as cores da Solidão...
Fugiu ao máximo que pode da Luz,
Fechando todas as portas do coração!
Apagou todos os símbolos,
Que lembravam seus ritos pagãos...
Quebrou todos os seus ídolos,
Trancou seus verbos nas mãos!
Buscou nos porões e cavernas,
Toda maldade que desejou semear...
Já trançavam suas pernas,
Quando cansou de procurar...
Invocou todos os seus demônios,
Seus medos, sua frustração...
Disfarçados com seus heteronimos,
Companheiros de cela na mesma prisão!
A Bruxa cubriu-se com o capuz,
Que a transformava em escuridão...
Mas era sempre revelada pela Luz,
Mesmo fugindo com exaustão!
Não apagas o passado,
Que iniciou-se tão remotamente...
As lembranças são seres alados,
Voando eternamente!
Não há mal para semear... Nem ao vento...
Ele nasce no profundo do ser...
Daqueles no Lago do Lamento,
Dentro dos mortos, que pensam viver!
São Paulo, 31 de Julho de 2009.