Tectônia.
De novo do 4º andar,
De baixo das teias das janelas,
O apartamento não para de engolir a paisagem,
E eu em pé, de frente pra baía, de frente pro vento,
Assisto a treva pontual de cada dia, noite por noite,
A cidade inteira entrar no prédio,
Explodir os olhos e ser suavemente transgressora,
Ao tempo, ressucitando eternamente,
E em cada onda de rio que passa em frente
Ser arrastada pela correnteza até sumir de tudo,
E tudo de novo virar aurora, um acorde ao vento,
Ou tatuagem em pele nova e cortinas coloridas,
Até o mais inflexível tempo descolorir tudo,
até mesmo o dia,
E a treva no seu horário habitual,
Mostrará seu rosto vaidoso na janela,
E nessa hora meus olhos viverão de novo.