Tectônia.

De novo do 4º andar,

De baixo das teias das janelas,

O apartamento não para de engolir a paisagem,

E eu em pé, de frente pra baía, de frente pro vento,

Assisto a treva pontual de cada dia, noite por noite,

A cidade inteira entrar no prédio,

Explodir os olhos e ser suavemente transgressora,

Ao tempo, ressucitando eternamente,

E em cada onda de rio que passa em frente

Ser arrastada pela correnteza até sumir de tudo,

E tudo de novo virar aurora, um acorde ao vento,

Ou tatuagem em pele nova e cortinas coloridas,

Até o mais inflexível tempo descolorir tudo,

até mesmo o dia,

E a treva no seu horário habitual,

Mostrará seu rosto vaidoso na janela,

E nessa hora meus olhos viverão de novo.

pauloa
Enviado por pauloa em 24/07/2009
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