Ração de Luz

Eu sempre quis cantar

Desde a primeira memória

Desde o primeiro instante consciente da minha história

Nunca tive a oportunidade, sequer de duvidar

De entrar em frontal conflito

Com o que veio impregnado no umbigo

Demorei muito pra entender que meu canto é diferente

Pode ir do mais singelo, ao mais efervescente

Pode rasgar a garganta como um punhal

Ou pode embalar a alma, numa melodia angelical

Nunca tive oportunidade real de explorar os extremos da voz

A insegurança e a subserviência à opinião alheia tornaram-se cegos nós

Eu cantava quando me deixavam

Eu cantava como me deixavam

Isso explodiu, ainda bem, na maturidade

Hoje canto com naturalidade

Como manda a minha sensibilidade

Sem me preocupar em agradar

Canto pra me desatar

Depois de muito imitar

Consegui, finalmente encontrar

O plexo central do canto

E com um grande espanto

Percebi que era exatamente como eu sempre imaginei

Como desde menino desenhei

Porém amadurecido

Crescido

Minuciosamente trabalhado

Na emoção mais verdadeira entalhado

Sem qualquer sombra de dúvida: é o verdadeiro prazer

É contatar a divindade

Até com um certa intimidade

É quando se expande e se justifica... o viver!

É isso: cantar valida a minha vida

É a escada de subida

Ao que há de mais bonito

No infinito

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 23/07/2009
Código do texto: T1714490