Interagindo com as Paredes

Aprendi a reverenciar as paredes que frequento

É um costume que realmente sustento

As da casa em primeiro lugar

As do trabalho, estou sempre a cortejar

Para que o dia seja tranquilo

Para que eu desempenhe satisfatoriamente o ofício

Para que tudo corra bem para todos

Para que eu só encontre sorrisos nos rostos

Para atrair prosperidade

Para semear amizades

É-me fundamental relacionar-me com os prédios

Até para conseguir enxergar melhor a posição dos pregos ...

Preciso sentir-me bem recebido

Para permitir-me desinibido

Caso contrário, travo

E ajo como escravo

Querendo fugir da senzala

Feito passista que não encontra sua ala

É-me necessário reconhecer o tipo de energia

Para trabalhar em prol da harmonia

Tento filtrar os pensamentos

Selecionar cuidadosamente os argumentos

Zelo e prezo profundamente a paz

Permaneço atento e mais

Defendo o ambiente

Como um querido ente

Que precisa de proteção

Para refletir as positivas propriedades da imensidão

Um lugar contaminado pelo negativismo

Subcutaneamente dominado pelo cinismo

Não tem como evoluir

É um permanente dirimir

De tudo que traz em si, vindo do alto,

Formando um amargo caldo

Autofecundo

Dos escuros, o mais profundo

Propício à tristeza

Alimentado pela aspereza

Se tudo isso acontece em um lar

É impossível desabrochar

O mais provável é naufragar

Murchar

Até secar

E cegar

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 19/07/2009
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