AS DÚVIDAS DA CERTEZA - Retrô
Por quê a mentira é mais crida que a verdade?
Por quê o instituto da paz requer o preço da guerra?
Por quê a tolice virou sinônimo de honestidade?
Por quê a ambição inicia quando a infância se encerra?
Por quê a fumaça da morte é vendida livremente?
Por quê é lícito comprar garrafas de destruição?
Por quê Deus não mora nos homens, mesmo sendo Onipresente?
Por quê o bolso vale mais que os conteúdos do coração?
Por quê ninguém inventa a moda da independência?
Por quê ninguém propõe que homem e mulher voltem a ser homem e mulher?
Por quê ninguém defende a revolução da reverência?
Por quê a diplomacia não pacifica Cristo e Maomé?
Por quê não tiramos a máscara tão fácil quanto nos despimos?
Por quê não experimentamos matar a sede com nosso próprio veneno?
Por quê sempre somos o oposto do que publicamente assumimos?
Por quê nos julgamos tão grandes, tendo um caráter tão pequeno?
Por quê os ricos são tão pobres?
Por quê o fim é um camuflado recomeço?
Por quê falam de humildade os esnobes?
Por quê até a dignidade costuma ter preço?
Por quê não se dá valor ao íntimo valor?
Por quê o silêncio fala tão alto?
Por quê não amamos quem nos dá amor?
Por quê o precipício começa de um salto?
Por quê a justiça tem olhos fingidos?
Por quê a moral é tão indecente?
Por quê as almas pequenas têm tantos amigos?
Por quê um animal é mais gente que a gente?
Por quê damos o governo a quem nos desgoverna?
Por quê adotamos os péssimos conselhos?
Por quê viajamos ao futuro com um pé na caverna?
Por quê os melhores sabores estão nos frutos alheios?
Por quê amamos novelas e odiamos livros?
Por quê proclamamos o que nunca fazemos?
Por quê não damos casas aos velhos e vamos morar nos asilos?
Por quê inventamos diferenças, se igualmente morreremos?
Por quê os idiotas inventaram o dinheiro?
Por quê os imbecis fabricaram o poder?
Por quê os vaidosos não engolem um espelho?
Por quê as respostas que ouço não costumam responder?
"Diga espelho meu: existe alguém mais inquieto do que eu?"