Encantos da Vida
Vida, como tu me encantas,
És surpreendente e bela.
Por vezes na desesperança me amarras,
E n'outra me arrancas dela.
Teu caminho é sinuoso,
Me intrigas a cada dia mais;
Seja me dando acalento bondoso
Ou então tirando-me a paz.
Se me cobres com véu sombrio,
Sei que adiante me mostrarás a luz;
Porém não consigo me furtar ao vazio
Que o medo voraz do desconhecido conduz.
Por vezes me impões terríveis entraves,
Somente eu conheço a íntima aflição.
Mas eu continuo a navegar em teus mares,
Apesar da singela e rústica embarcação.
Peço forças ao Desconhecido,
Mesmo sem o dom da religiosidade,
Para que meu choque seja sempre amortecido
E para que possa ser feliz de verdade.
És minha companheira infiel,
Sei que um dia te perderei;
E quando chegará meu dia de réu?
Quando o ar me faltar logo saberei.