O momento

Ao roubar o momento,

Sinto uma enorme ataraxia.

E o crime me é maior que qualquer regra

Do Direito.

Como um fugitivo que leva a fortuna,

Carrego o momento em meus braços, junto ao peito.

Olho-o; ausculto-o.

É como se, novo, visse-me a mim mesmo:

Os segundos

São estranguladores de um relógio

Sem ponteiros.

O que sou? No momento,

O que sou?

O pesar axiológico de conceitos primários...

Tenho o momento – ainda que de má-fé –

Mas o tenho.

E essa regra é eterna.