O Sino da Maré Mansa

A tempestade emocional passou.

Tenho que confessar que ela realmente me abalou.

O equilíbrio foi pro espaço

E voltou o velho conhecido cansaço.

Vontade de sumir...

Simplesmente deixar de existir.

Os fatos atingiram-me de um jeito,

Que eu não pude ver o conceito.

Começo, agora, a voltar ao meu normal,

Depois desse golpe colossal.

Tive que ir buscar no infinito a coragem

Para enfrentar essa passagem.

Era isso - era só uma passagem...

Para a tão esperada, suada, idealizada paisagem.

Não conseguia entender o plano cósmico.

A mim, tudo parecia concretamente ilógico.

Minha mente não estava conseguindo acompanhar

O que estava começando a se desenrolar.

Mas, tudo passa.

Em algum momento, a mente desembaça

E o sol interior volta a falar mais alto,

Apaziguando todo e qualquer sobressalto.

Precisei do auxílio da lua cheia,

Em sua trajetória matinal.

Batendo à minha janela de forma maternal,

Para decifrar a trama inteira,

Aliada ao dia raiando no outro lado.

Consegui, enfim, por fim, sentir-me apaziguado.

Agora é só limpar minuciosamente a casa,

Fazer alguns curativos na incansável asa

E me dirigir para o lugar de onde nunca deveria ter saído.

Só que, agora, retorno muito mais descontraído,

Transbordando disposição,

Com muita leveza no coração,

Para sair do mundo duvidoso da ilusão.

Em linha reta para a realização!

Sinto-me muito bem assessorado,

Por todos os lados, acompanhado.

Pela primeira vez na minha vida,

Não retornarei a velha estrada conhecida.

O momento é outro.

O tempo é pouco.

Divorciei-me dos complexos.

Estão a todo vapor, todos os plexos.

Deletei todos os esquemas de segurança.

Minh'alma navega em maré mansa,

Quer evoluir

Através do natural prosseguir,

Como deveria ter sido desde o começo.

Mas, francamente, foram tantos os tropeços ...

Voltou o brilho no olho do menino.

Agora ao som, de um maduro sino!

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 09/07/2009
Reeditado em 29/11/2009
Código do texto: T1690003